quinta-feira, setembro 01, 2022

A ILUSÃO DOS INOCENTES E OS CEGOS VOLUNTÁRIOS

  

Não temais ímpias falanges

Que apresentam face hostil

Vossos peitos, vossos braços

São muralhas do Brasil

Versos do Hino da Independência do Brasil

Composição: Dom Pedro I e Evaristo Da Veiga.

O que público neste blog, se lido, o terá sido por integrantes de uma bolha, digamos, liberal-conservadora. Entretanto, este texto de hoje é dirigido, especialmente, a todos os que, por uma inocente ilusão, ou voluntária cegueira, não aceitam perceber a trama urdida por grilhões que nos forjam “da perfídia astuto ardil” diante de seus olhos e a despeito de seus mais genuínos valores. Esqueçam, portanto, aspectos ideológicos. Minha esperança é que ao final desta mensagem estejam menos inocentes ou menos cegos. Percebam que deixei de fora os “disfuncionais cognitivos” e os “intere$$eiro$ do phoder” [1], pelo simples fato de que para estes há a certeza de virem a ser vítimas ou beneficiários do Brasil pós urnas de out/2022. Terminando esta introdução, faço um apelo a quem concordar comigo: repasse a um “inocente” ou “cego” seu conhecido (que daqui em diante passo a referenciar como ICs). Você estará contribuindo para evitar que o Brasil mergulhe em uma convulsão civil.

Vou começar por expor o duplipensar de alguns próceres da nossa democracia de fachada: Simone Tebet, Ciro Gomes, João Amoedo, Roberto Requião, Carlos Lupi (PDT), 9Fingers, FHC e, com certeza, muitos outros convenientemente calados, que, como os citados, eram declaradamente a favor do comprovante impresso para futura auditagem, mas que, na perspectiva de reeleição de Bolsonaro, passaram a integrar o exército dos contra tudo que lhes possa impedir a volta ao regime de saque. Os ICs continuam acreditando firmemente que nossos tecnocratas do TSE são incorruptíveis, e nossa tecnologia é imbatível, irraqueável, impenetrável e outros tantos atributos seguríssimos das urnas. Mas nossos ICs, independente de seus níveis intelectuais, acreditam na lisura do processo que todos os países econômica e tecnologicamente mais avançados rejeitam.

Daniel, ex-terrorista, mais conhecido como José Dirceu, hoje eminência parda de 9Fingers, declarou, já em 2018, que “nós vamos tomar o poder, que é diferente de ganhar uma eleição” [2]. Para os ICs foi apenas uma bravata, menos que uma “fake news”, nem Alexandre de Moraes deu atenção.

A ministra Carmem Lúcia, devidamente togada e sentada na cadeira de presidente do STF, nos acenou com uma firme interjeição: “Calaboca já morreu!”. Nós, gente do bem, acreditamos!!! Entretanto, desde o término de seu mandato, ela vem assistindo de boca calada, todos os “calabocas” autoritários que seu colega ministro Alexandre de Moraes determina. Cabe-nos perguntar: calaboca ressuscitou? Os ICs nem se deram conta de tamanho abandono de convicção. Acho até que esqueceram que Carmem existe!

Um inquérito “do fim do mundo” é conduzido por um ministro que apresenta claros sinais de psicopatia e neurose de perseguição. Persegue o jornalistas Allan dos Santos; prende e mantém presos (ou sob tornozeleira) os também jornalistas Oswaldo Eustáquio e Wellington Macedo, o deputado Daniel Silveira e o presidente do PTB Roberto Jefferson; manda a PF sequestrar celulares e computadores, determina a desmonetização de canais e bloqueia contas bancárias de diversos articulistas de projeção nas redes sociais, todas ações que rasgam princípios constitucionais; faz o mesmo com 8 empresários por manifestarem boquirrotas opiniões em um botequim-digital; tudo isto sem apresentar aos advogados ou aos próprios alvos de suas ações a peça acusatória onde conste a descrição de seus imaginários “mal-feitos” e as bases legais que sustentem tais agressões à democracia que tanto dizem defender [3]. Os ICs estão em estado de catalepsia intelectual, incapazes de terem uma “opinião formada”, não sobretudo, como reclamava Raul [4], mas nem mesmo sobre algo que lhes ameaça o futuro próximo e de seus descendentes. Quando retornarem de tal estado de inação, vendo a nova realidade, reclamarão saudosos de tempos passados. Então alguém, rememorando o sentimento de D. Pedro I de Portugal, lhes dirá:  “Agora é tarde, Inês é morta” [5].

Um desembargador do TRE-RJ, na esteira das ideias de seu supremo líder, mandou um alerta aos eleitores de que “quem tumultuar no dia da eleição será preso”. Ora, direis! É razoável que assim seja! É, seria, não fosse o exemplo passível de prisão que ele dá para nos ameaçar: “Se um eleitor, por exemplo, causar tumulto por alegar que digitou um número na urna, mas outro apareceu, a ordem é prender em flagrante”. Como os ICs não entendem a sutileza do magistrado, eu desenho: você vai preso se duvidar do que seus olhos estão vendo e a possível fraude que seu intelecto está constatando!!!

E não é que nosso Alexandre I, Imperador de Brasília, viu além! Mais astuto que o astuto desembargador, o supremo Xerife – como o nomeou o ex-Ministro Marco Aurélio – percebeu que o cidadão metido a esperto poderia gravar qualquer ocorrência estranha que viesse a ocorrer em seu processo de votação. Pimba! O Imperador do Planalto Geral, na condição temporária de “Primeiro Ministro” do TSE, outro supremo órgão da República do Togaquistão, usou de sua pena, sem dó nem pena do eleitor, e lacrou: “Está proibido entrar na cabine de votação usando celular ou outro equipamento de registro de imagens”. Agora sim!!! Creio que ICs vão entender isso como um gesto magnânimo de proteção do eleitor contra achaques de quadrilhas do “novo cangaço” como dizem por aí. É, pode ser! De qualquer modo, como não temos nem colhões nem a projeção de um Augusto Nunes [6], não temos nada a temer.

Tudo isto são consequências do que Constantino chamou em recente artigo na OESTE, de “escalada autoritária de Alexandre de Moraes”. Não concordo em atribuir o poder ao iluministro, mas sim ao poder que lhe foi concedido pela maioria corruptada [7] de integrantes do Senado Federal, instituição à qual é atribuída a tarefa de avaliar o desempenho do STF e podar seus, hoje, frequentes excessos e descumprimentos da Constituição. Alguns ICs ainda não entenderam que o golpe já foi dado, só falta assinar o ato, e acreditam que nada aconteceu até aqui e não acontecerá, desde que apenas se faça uma lei que só permita que se abra a boca em botequim para tomar um “trago da mardita” ou, quem puder, um “shot” de whisky 18.

Na trilha deste processo, surgem as tentativas de cercear as manifestações previstas para o 7 de setembro próximo quando, além de celebrar os 200 anos de nossa independência, estaremos, sim, manifestando nosso apoio ao Presidente eleito e exigindo o respeito à Constituição, por pior que ela seja avaliada. Da bizarra e inconstitucional tentativa de uma juíza do interior do Rio Grande do Sul de decretar a proibição do uso da bandeira nacional, chegamos, nesta véspera do 7 de setembro, ao absurdo e insano artigo publicado na plataforma do UOL [8], assinado por um tal de Julián Fuks, onde consta o seguinte pedido: “precisa-se de terrorista, capaz de um ato sutil que transforme a história”. Não vou me estender além de mostrar que o sujeito é um covarde confesso. Um emérito cagão. Em sua descrição dos atributos desejados consta a humilde confissão: “Um terrorista mais inventivo que este escriba”. Por “inventivo” entende-se "ter a coragem que o dito cujo não tem", pois este é apenas um pusilânime sujeito que atendeu à proposta para ser um capacho contratado e assumir a autoria de uma ameaça com o intuito de implantar medo na população brasileira. O contratante, evidentemente, é um esquerdopata que vive nas sombras do phoder, a serviço de quem realmente o tem. É verdade que está fazendo um “frio da pôrra”, mas não será por isso que os joelhos de muitos ICs e não ICs devem estar tremendo.

Para os desejosos de tirania, o caminho mais sutil é o cerceamento das liberdades. Para eles o povo é apenas massa de manobra na sina pelo retorno à sua cota no butim do assalto ao Estado. Para nos manobrar, obedecem a 3 princípios: intimidação, intimidação, intimidação. Intimidarão, sim, mas não vai ser fácil, covardia não consta da lista de valores de patriotas. Recuar, “nem pra pegar impulso” [9]. Em proveito próprio, eles optam por destruir a democracia e, por consequência, o País. O que importa!? Afinal, contas em paraísos fiscais servem pra quê?

 

Até dia 7, quando, na foto, seremos milhões de pequenos pontos em nossas individualidades, através de nossos peitos e nossos braços, e sem temer “ímpias falanges” ou faces hostisunidos nos tornaremos gigantes e poderosos, cantando a inflados pulmões: “Ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil.[10]



[1] Se alguém tiver dúvida sobre quem são eles, neste link há uma lista destes “personagens”.

[2] A frase polêmica foi dita pelo ex-ministro de 9Fingers durante entrevista ao jornal El País (de esquerda) quando questionado sobre a possibilidade de o PT, percebam a hipótese aventada na pergunta, “ganhar, mas não levar” as eleições. Fonte: Portal IG, em 29/8/2018.

[3] Após terminar de escrever este texto, sou informado pelo noticiário, que "a pedido" de Randolfe Rodrigues, Alexandre de Moraes decreta a abertura de sigilo bancários dos 8 empresários. 

[4] Raul Seixas compôs a música “Metamorfose ambulante” onde constam estes dois versos: “Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante/ Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”. 

[5] Neste link você se informa sobre a história de Inês e Pedro I de Portugal.

[6] O jornalista Augusto Nunes declarou no programa "Pingo nos Is" que não vai entregar celular algum a quem não tem poder de polícia.

[7] Cunhei a palavra (neologismo) corruptado a partir de corrupto e cooptado.  Denomino o indivíduo corrupto que é cooptado pelo "sistema" para, digamos, ser "boi de piranha" para teste de intenções futuras dos verdadeiros "donos" do poder.

[8]  Se você tiver estômago, o texto está aqui.

[9] O maior divulgador desta mensagem é o professor Clóvis de Barros Filho. Aqui um vídeo onde fala quando ouviu essa expressão.

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